Adamantina sedia encontro sobre a cadeia produtiva do café Robusta da Nova Alta Paulista
Encontro vai debater a cadeia produtiva do café Robusta na região de Adamantina.
Adamantina sedia na quinta-feira (28), próxima semana, o 1º Encontro da cadeia produtiva do café Robusta da Nova Alta Paulista. O evento é realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por intermédio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e do Polo Regional Alta Paulista, sediado em Adamantina.
Inicialmente anunciado para ocorrer no dia 5 de junho, a realização do encontro no início do mês foi adiado para esta nova data em razão da greve dos caminhoneiros. Toda a programação de atividades foi mantida.
A atividade acontecerá na cafeicultura Eldorado - Estrada do Pavão, s/n, Bairro Pavão, em Adamantina, das 7h às 13h. Informações e inscrições antecipadas pelo telefone (18) 3521-4800 ou e-mail marciazonta@apta.sp.gov.br.
Programação
7h – Inscrições
8h – Abertura do Evento – AMNAP
Alexandre Tassoni Antonio (presidente da AMNAP)
8h30 – C. canephora: Conilon e Robusta, características gerais
Eng. Agr. Dr. Julio Cesar Mistro (IAC – Centro de Café “Alcides Carvalho”)
9h – Resultados das experiências do café conilon na Região de Lins
Eng. Agr. Edson Tadashi Savazaki (CATI – EDR de Lins)
9h30 – coffe break
9h45 – Café Robusta na Alta Paulista
Eng. Agr. Dr. Fernando Takayuki Nakayama (APTA Alta Paulista)
10h15 – Linhas de Credito para café
Eng. Agr. Marcos Rogerio Torturello dos Santos (CATI – EDR Dracena)
10h30 – A importância do Robusta na Indústria do café
Sr. Edson Frasson Teixeira (Treviolo Café)
11h – Visita Técnica – Cafeicultura Eldorado (áreas de produção)
13h - Encerramento.
APTA seleciona clones de café robusta para cultivo em São Paulo (*)
A fama de que o café robusta tem pouca qualidade está sendo deixada para traz. Hoje, cafés dessa espécie de boa qualidade têm sido procurados pela indústria para a produção de blends, usados principalmente, parana indústria de cafés espresso, cápsulas e outras bebidas a base de café. Pensando em incrementar a renda dos pequenos agricultores e incentivar a diversificação das propriedades, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, fez a exposição de suas pesquisas com a cultura durante a Agrishow 2018.
Segundo o pesquisador do Polo Regional de Adamantina da APTA, Fernando Takayuki Nakayama (foto abaixo), a Agência, em conjunto com o Centro de Café do Instituto Agronômico (IAC-APTA), desenvolve há dez anos pesquisas para selecionar clones de café robustas adaptados as condições paulistas. A ideia é incentivar o cultivo de alta qualidade para atender a demanda das indústrias de torrefação. “Atualmente, os maiores produtores desse tipo de café são Espirito Santo e Rondônia. Porém, grande parte da produção desses Estados vem para São Paulo para ser processada pelas indústrias ou para ser exportada. Diante desse cenário, por que não produzir robusta em terras paulistas?”, questiona o pesquisador.
Durante a Agrishow, a APTA levou plantas de café robusta e máquinas de café, que servirão blends de robusta e arábica, para desmistificar a fama de má qualidade da espécie.
As pesquisas da Agência objetivam selecionar clones de café robusta de alta qualidade adaptadas as condições de clima, altitude e solo do Estado de São Paulo. “Em 2008, trouxemos os melhores materiais de robusta cultivados no Espírito Santo para São Paulo. Selecionamos seis clones e fizemos o cruzamento com a IAC 2258, desenvolvida pelo Instituto Agronômico. Esperamos disponibilizar para o setor um novo clone em breve”, afirma.
O trabalho tem sido realizado em conjunto com cinco agricultores familiares do Oeste Paulista, uma região com temperaturas médias de 23ºC e altitude de 400 metros, condições ideias para o cultivo do robusta. “O café arábica não vai bem nessa região, pois deve ser cultivado em altitudes mais elevadas, pois esta espécie se originou em altitudes entre 1500 e 2000 metros, além de temperaturas mais amenas. O robusta traz uma nova opção de renda para o pequeno agricultor da região de Adamantina. Faz parte do projeto também a empresa Treviolo Café, que financiou as pesquisas”, explica Nakayama.
Qualidade elevada
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), a demanda das empresas de torrefação por grãos robustas cresceu nos últimos anos devido ao aumento nas percentagens de blends. Em 2016, a proporção era de 10% a 15% de robusta, hoje chega a 35% 40% com tendência de aumento no Brasil. O cenário também se repete em outros países, como Inglaterra e China que triplicou o consumo nos últimos seis anos, locais com forte consumo do robusta.
“O arábica sempre foi visto como um café de alta qualidade e o robusta de baixa, usado apenas para a produção de café solúvel. Atualmente, essa situação tem mudado. As grandes empresas de torrefação, que produz café de qualidade, tem feito blends de robusta e arábica. Em 2010, por exemplo, a Nespresso lançou o KAZAAR, um café considerado intenso e denso e produzido com mais de 70% de robusta. Isso foi um marco para o setor, pois mostrou que o robusta pode ter boa qualidade”, afirma o pesquisador da APTA.
Nakayama explica que o café robusta tem como característica intensidade de sabor e cremosidade, por isso, tem sido tão procurados pela indústria de capsulas, já que além dosblends com arábica, também pode ser usado para os chamados “café 3 em 1”, como os cappuccinos.
Com a demanda aquecida, o preço pago aos produtores também cresceu, principalmente para os cafés produzidos em São Paulo. “Os produtores paulistas conseguiram vender sua produção a um valor acima da cotação geral do Espírito Santo. Isso se deve a melhor qualidade, mas também a logística. Para trazer o robusta do Espírito Santo e de Rondônia para o São Paulo, as empresas chegam a gastar até R$ 100,00, por saca. Com isso, elas preferem pagar mais por um produto de boa qualidade produzido em São Paulo”, explica o pesquisador.
Manejo ainda é gargalo da produção
O manejo do robusta ainda é considerado um gargalo, segundo Nakayama. As plantas vegetam mais, possuem mais folhas e brotos, necessitando de mais mão de obra, além da colheita não ser totalmente mecanizada. “Por isso, estamos focando nosso trabalho nos pequenos produtores, já que a colheita do café não coincide com a de outras culturas e a produção pode ser estocada podendo esperar o momento oportuno para a comercialização, se tornando uma ótima alternativa na diversificação produtiva da propriedade”, afirma.