Em Lucélia, voluntários atuam para recuperar área degradada por incêndios no Salto Botelho
Grupo faz plantio de espécies nativas, lança “bombas de sementes” e oferece alimento a animais.
Após os recentes incêndios que degradaram área de vegetação nativa no Salto Botelho, às margens do Rio Aguapeí, em Lucélia, um grupo de voluntários se mobiliza para a recuperação da faixa atingida pelas chamas, e já realiza ações práticas no local, com replantio de árvores e lançamento de sementes.
Os registros mais recentes de incêndio, no Salto Botelho, neste mês, afetaram a flora e causaram a morte de animais. A iniciativa voluntária soma esforços para acelerar a recomposição da vegetação da localidade afetada e restabelecer o ambiente degradado.
(Cedida/PM Ambiental).(Cedida/PM Ambiental).
A ação coletiva foi batizada de Projeto Refloresta Aguapeí e mobilizou inicialmente, de forma direta, seis lideranças: André Mortari, Augusto Neves, Guinter Kataiama, Jaque Zaparoli, João Liborio e Vinicius Castilho. Formado o núcleo inicial, a proposta passou a alcançar outros colaboradores.
Segundo um dos participantes do movimento, Vinicius Castilho, a mobilização surgiu de um sentimento coletivo de insatisfação com a questão climática tanto no Brasil como na região. “Motivados pela necessidade de tomar uma atitude, nos organizamos, estudamos, consultamos profissionais e fizemos acontecer”, explica o ativista. “Nosso movimento não tem uma liderança. As decisões são tomadas em conjunto, priorizando o diálogo, a pesquisa, e vamos nos capacitando ao decorrer do processo”, prossegue Vinícius.
(Cedida/Projeto Refloresta Aguapeí).
A preocupação ambiental é uma temática presente no grupo que construiu o Projeto Refloresta Aguapeí, e o impacto do incêndio florestal em área da própria comunidade precisava sensibilizar outras pessoas para somar aos esforços do grupo. “Fizemos alguns vídeos da destruição causada pelo incêndio no Rio Aguapeí em Lucélia para sensibilizar e buscar apoio das pessoas, e também promover a nossa ação para que mais pessoas em outros lugares se inspirem e se mobilizem”, disse Vinícius. “A causa é urgente e mundial”, reforçou.
Mobilização e prática
Com o fato do incêndio florestal e seus impactos na flora e fauna locais, e a mobilização lançada, o próximo passo foi organizar as tarefas. Vinicius conta que o grupo se reuniu no estúdio da banda Falha no Erro – espaço apelidado carinhosamente de Covil da 018 – onde cada um buscou apoio em sua rede de relacionamento.
Contando com a ajuda de parentes e amigos o grupo conseguiu algumas ferramentas, reuniu 35 mudas de árvores nativas – sendo algumas doadas pela secretaria do meio ambiente de Lucélia – e produziu bombas de sementes nativas com argila do próprio Rio Aguapeí.
(Cedida/Projeto Refloresta Aguapeí).
Outra preocupação do grupo envolveu animais que têm a área como habitat natural, também impactados pela destruição, inclusive com a perdas de fontes para a própria alimentação. Os voluntários arrecadaram alimentos para atender essa finalidade.
Assim, no último domingo (13) o grupo se deslocou em dois carros até a região do Salto Botelho, onde plantou as espécies nativas, lançou as bombas com sementes na área afetada e distribuiu alimentos para os amimais em pontos estratégicos próximos ao Rio.
(Cedida/Projeto Refloresta Aguapeí).
Realizada essa etapa inicial, o projeto prossegue. A repercussão da ação possibilitou novas doações, sobretudo de espécies nativas para replantio na localidade. “As áreas devastadas são muito extensas, ainda há muito trabalho a ser feito”, destaca Vinícius. “Ao mesmo tempo que o sentimento é de realização e esperança, é também de preocupação pelo tamanho do trabalho que ainda há de ser feito. Mas o fato de darmos início ao projeto e receber apoio nos motiva a continuar agindo cada vez mais. A ideia é recuperar o máximo possível do que foi destruído”, completa.
“Para que, no futuro, ainda exista um rio”
Dentre os desafios pretendidos pela ação, Vinicius Castilho pontua a expectativa central da iniciativa voluntária. “O objetivo do projeto é acelerar o processo de regeneração da natureza e desacelerar a destruição causada pela ação humana”, diz. “Entendemos a importância de preservar a biodiversidade para que, no futuro, ainda exista um rio”, alerta. “Buscamos também alcançar a conscientização coletiva da sociedade a respeito da sustentabilidade e da importância da natureza na vida”, completa o ativista.
Nessa etapa inicial, além da rede mobilizada, os idealizadores também se subsidiaram de informações e referências para a ação. Conforme Vinícius eles obtiveram orientação da secretaria municipal de meio ambiente e tiveram acesso a um estudo da Unesp de Presidente Prudente realizado em 2019 no local, encaminhado pelo diretor de turismo de Lucélia, Fernando Morais. Eles também consultaram profissionais da área e colegas especializados, e prosseguem buscando conhecimento e apoio técnico. “Tivemos muito apoio e ainda estamos recebendo muitas colaborações. Agradecemos imensamente a todos e todas que estão fazendo parte dessa corrente da forma solidária e agradecemos principalmente à natureza, pela resiliência”, finaliza.
(Cedida/Projeto Refloresta Aguapeí).
Toda ajuda ao grupo é bem-vinda. O Projeto Refloresta Aguapeí aceita doações de mudas e sementes preferencialmente nativas, equipamentos de proteção individual, locomoção e voluntariado. Também deve ser ciada uma rede social para o projeto. Quem tiver interesse em apoiar é só entrar em contato pelo WhatsApp 18996412105 (Vinicius) ou pelos perfis nas redes sociais: @jaquezaparoli @artsmortari @guinter_k @augustsneves @joaolucasliborio @viniciuscastilho.