Mães atípicas vivenciam momentos de cuidado e são potencializadas em sessão de fotos
Participaram mães do GAAFPD (Grupo de Apoio e Acolhimento às Famílias de Pessoas com Deficiência).

Sem muito tempo para o autocuidado, em meio à rotina diária que alterna trabalho, afazeres domésticos e atenção especial aos filhos atípicos, um grupo de mães do GAAFPD (Grupo de Apoio e Acolhimento às Famílias de Pessoas com Deficiência) de Adamantina vivenciou uma experiência que teve como propósito valorizá-las e fortalecê-las.
Sob os cuidados de alunos e professores do curso de Cosmética e Estética da FAI, 16 mulheres participaram de um ensaio fotográfico especial (veja ao final da reportagem todas as fotos), assinado pela fotógrafa Débora Banaco — que também é mãe atípica e voluntária ativa no GAAFPD. O projeto, intitulado “Faces de Amor e Força”, aconteceu no mês passado, no campus II da FAI.
A coordenadora do GAAFPD, Rosana Narducci, explicou ao Siga Mais que a ideia do projeto partiu da própria fotógrafa. “A Débora me procurou e contou que havia participado de uma sessão de fotos, e que, ao ver as imagens, conseguiu se enxergar além da maternidade. Ela quis proporcionar essa mesma sensação a outras mulheres do grupo”, relata.
Faces de Amor e Força (Foto: Débora Banaco).
No início deste ano, a proposta foi aprimorada com a inclusão do curso de Cosmética e Estética da FAI como parceiro. A coordenação do curso acolheu positivamente a iniciativa, que foi colocada em prática em março. Pelo grupo de WhatsApp do GAAFPD foram abertas 10 vagas por ordem de inscrição, e outras 6 foram reservadas às participantes mais assíduas. “Algumas aceitaram o convite com bastante insegurança, mas não desistiram”, destaca Rosana.
O encontro ocorreu no dia 18 de março, no campus II, com a participação também da cerimonialista Dany Romero e da produtora audiovisual Maria Silvestre, que colaboraram voluntariamente.
Resgate, reconhecimento, autoestima e visibilidade
A sessão de fotos foi marcada por momentos de emoção e celebração entre as participantes. “A experiência foi maravilhosa. Ver o brilho no olhar de cada mulher sendo maquiada e fotografada, os sorrisos, a alegria e a emoção foram contagiantes”, afirma Rosana.
Ela, que também participou da sessão como uma das fotografadas, descreveu a experiência como um verdadeiro reencontro consigo mesma. “Foi mais do que um cuidado estético. Foi um resgate”, celebra. “Como mãe atípica, assim como todas que participaram, estamos sempre focadas nas necessidades dos nossos filhos. Mas, nesse dia, me vi com outros olhos: forte, bonita e cheia de luz”, comemora.
Faces de Amor e Força (Foto: Débora Banaco).
A pausa para o autocuidado foi também um momento de reconhecimento e valorização. “Cada clique celebrou não só a minha imagem, mas toda a trajetória de amor e superação que é ser mãe atípica. Foi um lembrete de que também merecemos nos sentir especiais. E foi maravilhoso”, reforça.
Para Rosana, o projeto “Faces de Amor e Força” foi além da estética. “É sobre reconhecimento, autoestima e visibilidade”, afirma. “Neste projeto especial, 16 mulheres incríveis, todas integrantes do nosso grupo, vivenciaram uma experiência transformadora: foram maquiadas, fotografadas e celebradas. Mais do que um ensaio, foi um ato de valorização dessas mães, cuidadoras e mulheres que dedicam suas vidas ao cuidado de pessoas com deficiência, muitas vezes esquecendo de cuidar de si mesmas.”
Ela espera que a ação também sirva para sensibilizar outras pessoas. “Cada rosto retratado carrega histórias de luta, superação e amor incondicional. Cada imagem é um lembrete de que essas mulheres merecem ser vistas, ouvidas e respeitadas”, diz. “Com esse projeto, queremos inspirar empatia, reconhecimento e a construção de uma sociedade mais inclusiva, que valorize e apoie as mães atípicas em sua jornada. Que as ‘Faces de Amor e Força’ toquem muitos corações e plantem sementes de transformação”, conclui.
O desafio de ser mãe atípica: amor, luta e resiliência diária
Ser mãe é, por si só, um exercício diário de entrega, cuidado e amor incondicional. No entanto, quando se trata da maternidade atípica — vivida por mulheres que têm filhos com deficiência —, essa experiência ganha contornos ainda mais desafiadores, exigindo força emocional, resistência física e uma rede de apoio muitas vezes inexistente.
Faces de Amor e Força (Foto: Débora Banaco).
Mães atípicas são, em grande parte, as principais cuidadoras de seus filhos, acumulando múltiplas funções: além da maternidade, precisam lidar com rotinas médicas, terapias constantes, burocracias para garantir direitos, e, em muitos casos, abrir mão da própria carreira ou vida social para se dedicar integralmente ao cuidado.
Para enfrentar essa jornada, a presença de uma rede de apoio sólida — que pode incluir familiares, profissionais de saúde, amigos e outros pais atípicos — é fundamental. Grupos como o GAAFPD oferecem esse espaço de acolhimento, troca de experiências e fortalecimento mútuo.
Grupo tem reuniões às quartas-feiras
O GAAFPD foi fundado em fevereiro de 2023 e tem sua sede na Alameda Santa Cruz, 110, no centro de Adamantina. Adota como lemas as frases “Somos todos iguais nas diferenças” e “Cuidar de quem cuida”. As reuniões presenciais ocorrem às quartas-feiras, às 19h30, e são abertas a toda a população.
O grupo promove encontros com foco em capacitação, acolhimento, saúde mental e atividades externas, como a sessão “Cinema Exclusiva/Inclusiva” e o “Passeio no Parque”, além de outras ações que proporcionam carinho, visibilidade e apoio às famílias de pessoas com deficiência.