Após afastamento de prefeito, “Operação Atoleiro” cumpre mandados de prisões e buscas em Pacaembu
Força-tarefa envolve Polícia Civil, Ministério Público, Tribunal de Contas e Secretaria da Fazenda.
Um dia após o afastamento judicial do prefeito de Pacaembu, Maciel Colpas (PSDB), ocorrido nesta terça-feira,10 (reveja), uma força-tarefa envolvendo a Polícia Civil, Ministério Púbico, Tribunal de Contas e Secretaria da Fazenda, denominada Operação Atoleiro, foi deflagrada nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (11), com cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão em Pacaembu e região.
Segundo nota da Polícia Civil, por meio de requisição do Ministério Público da Comarca de Pacaembu, foram instaurados os autos de Inquérito Policial n° 2069100-39.2019.090100, em razão de notícias de supostas ilicitudes praticadas naquela municipalidade consistentes na contratação de empresas locais para realização de obras por empreitada global, entretanto as mesmas receberiam vantagens indevidas, gerando prejuízos ao erário público municipal.
Força-tarefa realizou buscas no Almoxarifado Municipal de Pacaembu (Foto: Cedida/PC).
Presos são levados à Delegacia da Polícia Civil em Adamantina, onde serão ouvidos e depois encaminhados ao CDP de Pacaembu (Foto: Siga Mais).
Forte esquema de segurança na sede da Delegacia Seccional de Adamantina (Foto: Siga Mais).
De acordo com a nota, verificou-se a existência de indícios da prática de crimes previstos nos artigos artigo 312 do Código Penal; de Fraude à Licitação - artigo 90 da Lei Federal n. 8.666/93 – e do artigo 2º da Lei Federal n. 12.850/2013, figurando como vítima a municipalidade de Pacaembu.
Durante a investigação, a Polícia Civil representou pela prisão preventiva de oito pessoas, dentre elas, funcionários públicos municipais e empresários, bem como se representou pela expedição de mandado de busca e apreensão nas residências, empresas e locais de trabalho dos investigados e na sede da Prefeitura Municipal de Pacaembu visando a localização de documentos e provas relacionadas à investigação, em 19 locais distintos.
Também de acordo com a Polícia Civil foi representado judicialmente pelo afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração de outros três investigados (secretários e servidores).
Em nota, a Polícia Civil ressaltar que, durante a tramitação da investigação, foi celebrado acordo de cooperação entre o Ministério Público da Comarca de Pacaembu, a Polícia Civil e o Tribunal de Contas de Adamantina, agilizando o compartilhamento de informações entre as instituições envolvidas na investigação.
Equipes foram mobilizadas ainda pela madrugada, na deflagração da operação (Foto: Cedida/PC)
Viaturas fecham a rua em frente à Delegacia Seccional de Adamantina (Foto: Siga Mais).
A ação policial deflagrada na manhã de hoje conta com a participação de 20 Delegados de Polícia, 72 policiais civis, 4 Promotores de Justiça, 6 agentes de fiscalização do TCE do Estado de São Paulo e 4 agentes fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.
Os presos foram encaminhados à Delegacia Seccional da Polícia Civil de Adamantina. Após a formalização dos trabalhos de Polícia Judiciária deverão ser encaminhados para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pacaembu, onde permanecerão à disposição da justiça. (Continua após a publicidade...)
A pedido do MPSP, Justiça afastou prefeito
O prefeito de Pacaembu e mais nove pessoas são investigados em uma ação de improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), que tramita junto ao Poder Judiciário da Comarca. O afastamento liminar do prefeito se deu por decisão do juiz Rodrigo Menegatti, conforme Processo 1000288-61.2020.8.26.0411, e ocorreu na manhã de terça-feira (10). No final da tarde, às 17h, o vice-prefeito Adão Viscardi (PV) foi empossado no cargo, em sessão extraordinária de posse convocada pela Câmara Municipal.
Prefeito de Pacaembu, Maciel Colpas, é afastado judicialmente do cargo (Reprodução: DLZTV).
Na denúncia apresentada à Justiça, o MPSP alega que a municipalidade de Pacaembu, na gestão do atual prefeito Maciel Colpas, teria custeado irregularmente diversas viagens do próprio chefe do executivo, das secretárias municipais Gisele Aparecida Garcia Colpas (esposa do prefeito e que ocupava o cargo de secretária municipal de assistência social), Manuelina do Carmo Colpas (irmã do prefeito e que ocupava o cargo de secretária municipal de saúde), bem como dos vereadores Aparecido Donizeti Frias (PMDB), José Messias Fagundes de Almeida (PSDB), Marcos Leandro Lourencetti (PP) e Valdecir Pessan (PSDB), onde João Nabor Zanetti (secretário municipal de administração e finanças), Sivaldo Sanches de Magalhães (assessor técnico de planejamento e orçamento), Maura Regina Meneguello Pereira (assessora de recursos humanos) teriam sido coniventes com a efetivação dos gastos de viagens que, segundo o MPSP, sabiam ser irregulares. Ainda de acordo com a denúncia da Promotoria, o Hotel King, na capital paulista, teria emitido notas fiscais "frias" de hospedagem, em valores superiores às diárias.
A Promotoria de Justiça chegou a requerer às operadoras de telefonia – com autorização judicial – informações sobre a localização de três dos envolvidos nas datas em que foram realizadas as viagens, para confrontar se, de dato, estavam nos locais declarados.
Outro lado
Sobre o afastamento do prefeito, o Poder Executivo de Pacaembu divulgou uma nota oficial nesta terça-feira onde a Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos informa que Maciel Colpas ingressará com recurso em pedido de liminar junto ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), “na plena certeza de que a corte superior reverterá a decisão da Justiça da Comarca e o retornará ao cargo”.
De acordo com a nota, “É necessário contextualizar que a base da ação proposta pelo Ministério Público por meio da Promotoria de Justiça de Pacaembu é sustentada em denúncia de dois vereadores que fazem um trabalho declarado de oposição ao prefeito e, também, na ocupação de cargos públicos já fizeram viagens ou geraram despesas ao município muito superiores e mais suspeitas do que essas que eles próprios denunciaram ao MP”, informou a Prefeitura.
“Sendo assim, todos os documentos relacionados a esses fatos já estão sendo levantados e em breve serão encaminhados para providências legais do Ministério Público do Estado de São Paulo”, finalizou o Poder Executivo.