Em Adamantina, saúde tem pacientes há quase 15 anos na fila de espera por exames
Panorama da saúde municipal foi solicitado pela vereadora Gabi Calil.
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Em Adamantina, a espera por exames na saúde pública tem pacientes na fila há quase 15 anos, esperando pelo procedimento. A “radiografia” sobre a saúde municipal foi buscada pela vereadora Gabi Calil, por meio do Requerimento Nº 07/2025, de 3 de fevereiro deste ano, já respondido pela administração municipal.
Na devolutiva, o prefeito José Tiveron juntou um amplo relatório, respondendo aos questionamentos da vereadora, assinado pela secretária municipal de saúde, Elisabete Cristina Jacomasso Marquetti. A vereadora publicou o conteúdo recebido em suas redes sociais.
No documento consta uma lista com a fila de espera por exames e consultas médicas. Entre os principais destaques, os pedidos mais antigos são por exames de angioressonância, um teste de imagem que possibilita a avaliação não invasiva dos vasos sanguíneos. São cinco pacientes que aguardam pela sua realização. O pedido mais antigo, para o exame, é de 28 de maio de 2010, prestes a completar 15 anos.
Já o maior volume de pedidos de exames é pelo ultrassom de abdome, com 1.096 solicitações. O pedido mais antigo, nessa especialidade, é de 29 de maio de 2023.
Entre as consultas médicas, em diferentes especialidades, o pedido mais antigo é pela especialidade ortopedia de joelho, com 102 solicitações, sendo a mais antiga de 21 de fevereiro de 2013, somando 12 anos. Já o maior volume acumulado é por neurologia adulto, com 909 solicitações, sendo a mais antiga de 31 de janeiro de 2022.
(Reprodução).
O pedido da vereadora
O requerimento da vereadora Gabi Calil é marcado por diferentes questionamentos, onde busca a atual situação das filas de espera para consultas e exames na rede municipal de saúde, bem como o status da infraestrutura dos postos de atendimento da cidade. “Diante das inúmeras reclamações da população sobre a demora no agendamento e realização de procedimentos médicos, além de relatos sobre precariedade estrutural das unidades básicas de saúde, faz-se necessária a obtenção de esclarecimentos precisos”, narra a parlamentar no documento.
Vereadora Gabi Calil (Siga Mais).
Além dos quantitativos sobre fila de espera de pacientes para exames e consultas, a vereadora busca informações sobre as principais causas das filas prolongadas e as medidas já implementadas ou planejadas para reduzi-las, como também os critérios e prioridades no atendimento, e se há pacientes em estado crítico ou em situação de prioridade legal aguardando atendimento.
Já em relação às unidades básicas de saúde (UBS) da cidade, a vereadora pergunta sobre a infraestrutura desses espaços, como instalações, equipamentos, medicamentos, recursos humanos e demais insumos para o funcionamento.
Ao final dos pedidos a parlamentar estreante na Câmara Municipal ressaltou o núcleo da solicitação. “O presente requerimento fundamenta-se no dever da vereadora de fiscalizar os serviços públicos municipais e garantir que a população tenha acesso ao atendimento de saúde de forma digna, eficiente e em tempo hábil. A demora nos atendimentos médicos, bem como as dificuldades estruturais enfrentadas pelas UBS, são preocupações legítimas dos munícipes e demandam soluções urgentes e estruturais”, encerrou Gabi Calil.
A reposta do município
Na reposta à vereadora a secretária municipal de saúde discorre ponto a ponto aos questionamentos. O primeiro deles sobre as principais causas das filas de espera prolongadas e as medidas já implementadas ou planejadas para reduzir o tempo de espera.
Na resposta a gestora da saúde municipal pontuou como causas das filhas o desequilíbrio entre a oferta de procedimentos e/ou serviços de saúde e as correspondentes solicitações para atendimento, como número de vagas insuficientes, aumento da demanda, a ausência de alguns especialistas, entre outros.
Ela também pontuou sobre a organização dos serviços de saúde em níveis de complexidade, tipificados em atenção básica, média e alta complexidade, onde "o serviço de menor densidade tecnológica, a atenção primária, deve ser a ordenadora do sistema, atuando como filtro para os demais níveis de complexidade”.
Já os níveis secundários e terciários – conforme respondeu a secretária municipal de saúde – são usualmente tratados em conjunto e recebem denominações como "atenção especializada" ou "atenção à média e alta complexidade".
Nesse contexto, a gestora salientou que as vagas para média e alta complexidade (especialidades e exames) são ofertadas pela Secretaria Estadual de Saúde através do SIRESP (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo).
Reavaliação periódica caso a caso e treinamento das equipes
Após expor as nomenclaturas e seus contextos, a gestora municipal sinalizou iniciativas que já estariam em andamento para reduzir esse volume represado, de pacientes à espera por consultas e exames, com implementação pelo setor de regulação municipal. “Com base nas diretrizes de saúde do município, será realizada uma reavaliação periódica dos processos de encaminhamento nas Unidades de Saúde da Família. Essas reavaliações ocorrerão em conjunto com as equipes de saúde das ESF's, com o apoio de reuniões permanentes para a revisão dos protocolos dos cadernos da atenção primária”, explicou.
E prosseguiu. “O foco destas ações é evitar a sobrecarga no sistema de especialidades médicas, garantindo que as solicitações de encaminhamentos estejam em conformidade com os protocolos estabelecidos e que as filas de espera sejam reduzidas. Além disso, será promovido um treinamento contínuo para médicos e equipes de saúde, assegurando que todos estejam devidamente capacitados para realizar os encaminhamentos de maneira mais eficiente e criteriosa”.
Outro problema é o absenteísmo em consultas e exames médicos. O termo é usado nas situações em que o paciente falta às consultas e exames agendados, como mostrou o Siga Mais em um conteúdo especial sobre o tema, publicado dia 13 de fevereiro, revelando que a cada 100 consultas marcadas com pediatra no CIS (Centro Integrado de Saúde), 20 pacientes não comparecem, ou seja, um absenteísmo de 20% nessa especialidade.
Secretária Municipal de Saúde, Cristina Jacomasso Marquetti (Cedida).
Em enfrentamento a esse tema, a gestora da saúde municipal destacou que ações concretas estão sendo planejadas e implementadas no âmbito das ESF's. “Uma das estratégias inclui a criação de ações por território, que retomarão a discussão em equipe como espaço para propostas locais, permitindo a educação continuada dos profissionais e capacitação para a educação dos pacientes em relação à importância de comparecer às consultas e exames agendados. A conscientização da população, por melo dos canais oficiais da Prefeitura, redes sociais e a participação ativa do Conselho Municipal de Saúde, será fundamental para minimizar o absenteísmo, promovendo uma gestão mais eficiente do tempo de espera e evitando a ociosidade dos equipamentos de saúde”, explica. “Essas medidas, contribuirão para a melhoria continua no acesso e qualidade dos serviços de saúde, respondendo de maneira efetiva às necessidades de nossa população”, aposta a secretária.
Sobre os critérios para definir prioridades no agendamento de consultas e exames, solicitados pela vereadora, a gestora municipal explicou que atualmente as guias de encaminhamentos para especialidades são reguladas em ordem cronológica ou de prioridade de atendimento conforme solicitado pelo profissional médico. “Estamos implementando o processo de revisão das guias de encaminhamento no setor de agendamento municipal; e adotando medidas que agilizem e promovam os recursos necessários para o melhor atendimento do paciente referenciado”, explica. Uma das prioridades, nesse desafio, é a contratação de médico regulador, além da recomposição da equipe de regulação municipal.
Estrutura das UBS
Quanto aos questionamentos da vereadora sobre as estrutura e operação das unidades básicas de saúde, a gestora municipal explicou que todas estão em funcionamento, onde apenas o Centro de Saúde (postão) passa por reformas, com funcionamento parcial dos serviços de laboratório e farmácia. Há mais de um ano a Prefeitura de Adamantina alugou um imóvel para abrigar a farmácia municipal, ainda sem utilização.
Ainda conforme a secretária, as unidades contam com equipamentos básicos para realizar os atendimentos rotineiros dentro de suas especificidades, como atenção básica, e tais equipamentos passam por manutenção sempre que necessário. “Contudo, esta secretaria vem fazendo um levantamento para organizar manutenções preventivas em todos os equipamentos, algo que não era realizado anteriormente”, observou.
Quanto a insumos básicos, como medicamentos, a secretária municipal de saúde explicou que as aquisições são feitas por meio de processos licitatórios, e a falta em certas ocasiões acontecem por atraso nas entregas por parte das empresas ou mesmo por indisponibilidade de determinados itens no mercado.
Outro questionamento foi sobre quadro de pessoal. Sobre esse tema a gestora municipal explicou que a Secretaria de Saúde vem fazendo análise e dimensionamento das equipes de atenção primária à saúde. Ela pontou que já foi solicitada a criação de cargos de enfermeira para ESF e auxiliar de enfermagem de ESF para posterior contratação; contratação em caráter de reposição de agentes comunitários de saúde; e contratação em caráter temporário e emergencial de pessoal para realizar nebulização casa-a-casa, visando o combate à dengue. Outras necessidades também estão sendo levantadas.